Onde? O Mapa Global da Geoengenharia
"Geoengenharia é global, mas desigual em pesquisa, desenvolvimento e implementação. Artigo analisa "Onde?": geografia de poder, inovação e vulnerabilidade, mapeando centros de patentes, locais de experimentos e regiões afetadas por tecnologias climáticas."
🗺️ Onde? O Mapa Global da Geoengenharia
A geoengenharia é, por definição, uma disciplina de impacto global. No entanto, sua pesquisa, desenvolvimento e implementação não estão distribuídos uniformemente pelo planeta. A pergunta “Onde?” revela uma geografia complexa de poder, inovação e vulnerabilidade. Este artigo mapeia os centros de desenvolvimento de patentes, os locais de experimentação e as regiões mais propensas a serem afetadas por essas tecnologias.
A geografia da geoengenharia pode ser analisada em três categorias distintas:
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🇺🇸 Os Hubs de Inovação e Patentes: A análise do dossiê de patentes é clara: os Estados Unidos são o epicentro da inovação em geoengenharia. A grande maioria dos registros foi feita no USPTO, indicando que empresas, universidades e agências governamentais americanas lideram a pesquisa e o desenvolvimento. Este fato posiciona os EUA como o principal detentor do capital intelectual e tecnológico neste campo. Outros centros de inovação incluem a China, que investe pesadamente em modificação do tempo para garantir recursos hídricos e eventos climáticos favoráveis, e a Europa, com foco em regulação e pesquisa de captura de carbono.
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🏜️ Os Campos de Teste e Implementação: Enquanto a inovação se concentra no Norte Global, a aplicação prática muitas vezes ocorre em outros lugares. A “semeadura de nuvens”, por exemplo, é uma prática comum em países áridos como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que buscam desesperadamente aumentar suas fontes de água doce. A China utiliza a modificação do tempo em larga escala para garantir céus limpos durante eventos importantes e para irrigar áreas agrícolas. Projetos de pesquisa sobre “Marine Cloud Brightening”, como o proposto na patente “Wind Turbines for Marine Cloud Brightening Dispersion” (2021107294), foram testados na Austrália, com o objetivo de resfriar as águas e proteger a Grande Barreira de Corais. Essas regiões se tornam laboratórios a céu aberto para tecnologias desenvolvidas em outros lugares.
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🌍 As Zonas de Impacto e Vulnerabilidade: O impacto da geoengenharia não respeita fronteiras. Um projeto de gerenciamento de radiação solar (SRM) implementado no Ártico para refrear o derretimento do gelo pode ter consequências drásticas nos padrões de monções na Ásia ou no regime de chuvas na Amazônia. As nações mais vulneráveis a esses efeitos colaterais são, ironicamente, aquelas com menor capacidade de desenvolver ou influenciar o uso dessas tecnologias, principalmente os países em desenvolvimento no Sul Global. Elas correm o risco de se tornarem vítimas passivas de decisões climáticas tomadas por um pequeno clube de nações tecnologicamente avançadas.
⚠️ Análise de Riscos
O principal risco geopolítico de “Onde” é a desigualdade e o potencial de conflito. A capacidade de controlar o clima pode se tornar a mais poderosa ferramenta de hegemonia do século XXI. Países com a tecnologia poderiam, teoricamente, otimizar seu próprio clima em detrimento de outros, levando a acusações de “roubo de chuva” ou agressão climática. A implementação unilateral de SRM por um país poderia ser vista como um ato hostil por outro que sofra consequências negativas. A falta de um tratado internacional vinculativo, semelhante aos de não proliferação nuclear, cria um vácuo de poder onde a geografia da tecnologia dita a geografia do poder, com alto potencial para desestabilização e conflitos por recursos climáticos.
🎯 Conclusão
O mapa da geoengenharia revela uma profunda assimetria global. A inovação está concentrada, a implementação é localizada, mas o impacto é planetário. Responder à pergunta “Onde?” nos força a confrontar a necessidade urgente de um diálogo global e de uma estrutura de governança que garanta que as decisões sobre o nosso clima compartilhado sejam tomadas de forma equitativa, e não apenas pelos países onde as patentes são registradas.
📚 5W2H
5W2H é um checklist para planejar tarefas. Ele usa sete perguntas para garantir clareza: O Quê (What), Porquê (Why), Quem (Who), Onde (Where), Quando (When), Como (How) e Quanto (How much)
- O que é geoengenharia otimizada?
- Quem são os atores?
- Quando e como estas tecnologias nasceram?
Onde impactam mais?- Por que adotar (ou não) essa abordagem?
- Como funcionam na prática?
- Quanto custam — e quais riscos econômicos trazem?